Logo simplificado do Firefox em um fundo lilás
Mozilla/Reprodução

Atualizado em

A Mozilla lançou a versão 109 do navegador Firefox nesta terça-feira (17), introduzindo um novo sistema de extensões que visa manter a compatibilidade com o Manifest V3 (MV3) do Chrome, sem comprometer a funcionalidade dos bloqueadores de anúncios. Essa iniciativa difere significativamente da abordagem do Chrome, que limitou recursos cruciais para esses bloqueadores, impactando negativamente a experiência do usuário e a privacidade online.

A versão do Firefox para o Manifest V3 preserva um recurso essencial que o Chrome removeu: a API de bloqueio de conteúdo web. Essa funcionalidade permite que os bloqueadores de anúncios operem de forma eficaz, identificando e removendo elementos indesejados de páginas da web, como banners publicitários e rastreadores. A Mozilla promete que sua versão permitirá aos usuários acessar “as ferramentas de privacidade mais eficazes” e ad blockers.

Em um post no blog da Mozilla, a empresa explicou que adotou o Manifest V3 para simplificar o desenvolvimento de extensões tanto para o Chrome quanto para o Firefox e melhorar a compatibilidade entre navegadores. Apesar de sua implementação ser amplamente compatível, a Mozilla ressalta que sua versão difere em “algumas áreas críticas”, principalmente em segurança e privacidade.

O Google também mencionou essas áreas ao adicionar o MV3 ao Chrome em 2021, afirmando que a mudança fazia parte de um “ajuste na filosofia por trás da segurança e privacidade do usuário”. Contudo, uma das mudanças no MV3 do Chrome quebrou funcionalidades de várias extensões populares de bloqueio de anúncios, removendo uma característica utilizada para bloquear certos pedidos de rede, o que beneficia diretamente o Google. Em 2022, o Google gerou US$ 224,47 bilhões com seu sistema de publicidade, o que representa quase 80% da receita total no ano.

A versão do MV3 do Firefox mantém a característica removida pelo Google, ao mesmo tempo que adiciona suporte para a substituição mais limitada. Isso deve permitir que os desenvolvedores de bloqueadores de conteúdo não precisem criar novas versões (potencialmente mais limitadas) de suas extensões, além de facilitar a criação de extensões multiplataforma.

Embora essa abordagem tenha suas desvantagens, a Mozilla admitiu no ano passado que deixar essa característica pode acarretar riscos de segurança. A fundação parece acreditar que vale a pena preservar o bloqueio de conteúdo, considerado “um dos casos de uso mais importantes para extensões”.

A nova versão do Firefox também introduz um botão de extensões, destinado a gerenciar os complementos do navegador a partir da barra de ferramentas. Um dos recursos do painel permite ver rapidamente quais permissões uma extensão tem em uma página específica e, potencialmente, gerenciá-las se a extensão suportar.

Reações

A decisão da Mozilla em preservar a funcionalidade dos bloqueadores de anúncios recebeu o apoio de defensores da privacidade e desenvolvedores de extensões de bloqueio de conteúdo. Muitos especialistas argumentam que os bloqueadores de anúncios são ferramentas essenciais para combater o rastreamento online, proteger a privacidade do usuário e melhorar a experiência de navegação na web.

Militantes de privacidade, como a Electronic Frontier Foundation, e desenvolvedores de extensões de bloqueio de conteúdo, como a Ghostery, condenaram a versão do MV3 do Google, alegando que era prejudicial à privacidade. A EFF chegou a dizer que o “Manifest V3 é enganoso e ameaçador”, em um artigo.

Enquanto o sistema de extensões está nas versões atuais do Chrome, o Google recuou um pouco — no final do ano passado, anunciou que estava revisando seus planos de desativar o suporte ao Manifest V2 por enquanto, o que cortaria o acesso dos usuários a bloqueadores que evitavam as novas restrições ao não mudar para o V3.