Logos do ICQ e ICQ New em um fundo branco e preto, respectivamente
ICQ/Reprodução

É o fim de uma era: após quase três décadas, o ICQ, um dos primeiros mensageiros instantâneos da internet, está sendo desativado. A VK, empresa controladora do ICQ, sugere que os usuários migrem para suas plataformas de mensagens, o VK Messenger. No último comunicado divulgado no site oficial, o ICQ informou de forma sucinta: “ICQ deixará de funcionar a partir de 26 de junho”.

Uma história de glória e declínio

O ICQ, que significa “I Seek You” (Eu Procuro Você, em Inglês), foi desenvolvido inicialmente pela empresa israelense Mirabilis. Em 1998, a AOL adquiriu o ICQ por US$ 407 milhões, e ele rapidamente se tornou um dos mensageiros instantâneos mais populares, alcançando 100 milhões de usuários registrados em 2001.

No entanto, com a ascensão de outros mensageiros e aplicativos de bate-papo para smartphones, o ICQ perdeu espaço. Em 2010, a VK comprou o ICQ com a intenção de revitalizá-lo, especialmente devido à sua popularidade na Rússia. A empresa desenvolveu versões móveis, como o ICQ New, que ajudaram a aumentar a base de usuários em 2014. No entanto, esforços subsequentes para modernizar o software não tiveram sucesso, levando à retirada das versões para iOS e Android das lojas de aplicativos.

Bloqueio no Brasil

Enquanto o ICQ enfrenta seu fim global, no Brasil a história tem um contorno ainda mais grave. Em 1º de setembro de 2023, tanto o ICQ quanto o ICQ New foram bloqueados após uma decisão judicial solicitada pela Polícia Federal (PF). A PF justificou o pedido afirmando que o serviço estava sendo utilizado para a disseminação de pornografia infantil.

A suspensão ocorreu após várias tentativas infrutíferas de contato com a empresa, que não tem uma representação oficial no Brasil. Consequentemente, a Anatel ordenou que os 19,2 mil provedores de internet do Brasil impedissem o acesso ao ICQ e suas versões para navegadores.

Esta não é a primeira vez que o ICQ é associado à pornografia infantil. Em junho, reportagens do site Núcleo e do jornal Folha de S. Paulo revelaram que o ICQ estava sendo usado para vender material de pornografia infantil, com links compartilhados em redes sociais.

Após a divulgação dessas reportagens, o Google removeu o ICQ da Play Store. A PF reiterou que as condutas observadas no ICQ configuram crimes de pornografia infantil, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código Penal Brasileiro.