Posições extremistas de Musk aceleram êxodo de usuários do X
Financial Times reporta queda acentuada na atividade e no número de usuários da plataforma, ligando êxodo às declarações do proprietário

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O jornal inglês Financial Times divulgou um artigo apontando uma debandada expressiva de usuários da rede social X (antigo Twiiter) motivada pelo radicalismo e declarações extremistas de seu proprietário, Elon Musk. Segundo a publicação, esse êxodo é particularmente notório no Reino Unido, onde a queda no número de visitantes diários ativos no último ano foi brutal, acompanhada por declínios semelhantes nos Estados Unidos e em outras regiões, como o Brasil, onde a plataforma permanece bloqueada por ordem judicial.
De acordo com dados da Similarweb utilizados pelo Financial Times, a atividade diária do X no Reino Unido despencou de 8 milhões de usuários ativos há um ano para cerca de 5,6 milhões atualmente, uma queda significativa em 16 meses. Nos Estados Unidos, o recuo foi de aproximadamente 20% no mesmo intervalo. Essa retração acompanha a escalada da presença de postagens polêmicas de Musk, incluindo comentários instigando “guerra civil inevitável” durante os tumultos registrados no verão britânico, o que tem afastado usuários mais engajados e moderados.
Localização | Antes | Agora | Variação aproximada |
---|---|---|---|
Reino Unido | ~ 8 milhões | ~ 5,6 milhões | −30% |
Estados Unidos | ~ 127 milhões | ~ 105 milhões | −20% |
O artigo destaca que essa perda não ocorre apenas em países onde o X enfrenta restrições legais, como no Brasil, mas também em principais mercados globais da rede, refletindo uma crise de confiança e engajamento dos usuários com a plataforma sob a atual gestão.
O impacto da polarização política na debandada
Um dado relevante levantado pelo Financial Times é que a debandada no X é maior entre usuários com identificação progressista. Isso evidencia que a orientação política das publicações de Musk e a cultura que ele estimula na plataforma têm afastado segmentos significativos do público, especialmente aqueles contrários à extrema-direita e às visões radicais que ganham espaço desde a mudança de comando da rede social.
A situação contribui para um ambiente de polarização e desgaste, culminando no crescimento de redes sociais alternativas onde espaços mais moderados ou com modelos de governança diferentes passam a atrair usuários descontentes.
Crescimento acelerado do Bluesky como alternativa
Em meio à saída em massa do X, a plataforma Bluesky tem registrado um avanço rápido em número de usuários. Recentemente, o Bluesky ultrapassou 19,5 milhões de perfis, um crescimento impulsionado tanto pelas mudanças no X quanto por eventos políticos, como a eleição de Donald Trump para um novo mandato e as controvérsias geradas na rede social de Musk.
No Brasil, o Bluesky ganhou aproximadamente 2 milhão de usuários logo após o bloqueio do X, evidenciando uma migração significativa em resposta à instabilidade e à radicalização da plataforma concorrente. O Bluesky se posiciona como uma rede aberta, a partir de um protocolo que permite a integração do conteúdo de outras plataformas, o que contribui para a sua rápida expansão.
Alterações internas e contexto da gestão Musk
Desde a aquisição do Twitter por Elon Musk em 2022, a plataforma passou por diversas mudanças que impactaram a experiência do usuário. Entre elas, destaca-se a revisão da política de verificação que permitiu assinantes pagantes receberem o selo azul, gerando confusão e polêmica, além de ajustes no algoritmo e no conteúdo exibido, que foram percebidos como favorecedores de vozes radicais.
A estratégia de Musk inclui um alinhamento político claro, com apoio declarado a Donald Trump, o que acirra divisões internas e externas na comunidade do X. Apesar de Musk afirmar que a plataforma continua a crescer, os dados públicos e de consultorias independentes demonstram queda consistente no número de usuários e no engajamento, indicando uma crise no modelo atual.
Situação no Brasil e repercussão global
No Brasil, o X encontra-se bloqueado judicialmente desde agosto, em decisão que impactou cerca de 20 milhões de usuários no país. Esse bloqueio também gerou um fluxo ainda maior de pessoas migrando para o Bluesky e outras redes sociais alternativas. Internacionalmente, a queda do X não se limita a esses mercados, estendendo-se à União Europeia, onde houve uma queda de 5% na base de usuários ativos, segundo dados do próprio X, em cumprimento à Lei dos Serviços Digitais europeia (DSA).