Tux, o pinguim mascote do Linux sobre um fundo moderno lilás e azul escuro com partículas flutuando
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O governo do estado alemão de Schleswig-Holstein decidiu abandonar o uso de softwares proprietários da Microsoft, como Windows e Office, em favor de soluções de código aberto baseadas em Linux e LibreOffice. A iniciativa, que abrange cerca de 30 mil funcionários da administração pública, visa alcançar uma “soberania digital”.

Para muitos usuários, acostumados com a onipresença da Microsoft graças à forte parceria entre a gigante do software e fabricantes de hardware, a existência de alternativas robustas pode passar despercebida. Mas esse cenário é bem diferente na União Europeia (UE) e na China, onde a dominância da Microsoft gera receios quanto à segurança e independência tecnológica.

Foi pensando nisso que Dirk Schrödter, ministro da digitalização de Schleswig-Holstein, anunciou a mudança. “Vamos migrar de sistemas proprietários para soluções open source gratuitas, criando ambientes de trabalho com soberania digital para os funcionários da administração estadual”, declarou Schrödter. A decisão foi recebida com entusiasmo pelos defensores do Linux.

Ao contrário do que se possa imaginar, a escolha por Linux e LibreOffice não se baseia exclusivamente em aspectos técnicos. O principal motivador é a “soberania digital”. Na UE, esse conceito está ligado à proteção dos dados dos cidadãos contra a coleta por empresas estrangeiras, além de fomentar o crescimento de empresas de tecnologia europeias para competir com gigantes americanas e chinesas.

A Document Foundation, organização responsável pelo LibreOffice, reforça a importância da soberania digital: “Se a administração pública usa software proprietário fechado, que não pode ser estudado ou modificado, é muito difícil saber o que acontece com os dados dos usuários”.

Segurança pesou na decisão

A desconfiança com a Microsoft, apesar dos esforços da empresa para atender às exigências da UE, é um fator determinante. “Não temos controle sobre o funcionamento interno dessas soluções [proprietárias] e o manejo de dados, incluindo o possível vazamento para terceiros. Como estado, temos a responsabilidade de garantir a segurança dos dados dos nossos cidadãos e empresas, além de manter o controle sobre as soluções de TI que utilizamos e agir com independência”, explicou Schrödter.

Além da soberania digital, a migração para soluções open source também traz vantagens econômicas e de segurança. “O uso de software open source melhora a segurança de TI, reduz custos, protege dados e permite a colaboração fluida entre diferentes sistemas”, ressaltou o ministro.

Os planos para a migração incluem a substituição do Microsoft Office pelo LibreOffice, do Windows por uma distribuição Linux ainda não definida e de outros programas da Microsoft por equivalentes open source. Para comunicação e colaboração, por exemplo, serão utilizados Nextcloud, Open Xchange/Thunderbird e o conector Univention Active Directory (AD) no lugar do SharePoint e Exchange/Outlook.

Essa mudança pode parecer familiar para alguns. Em 2004, Munique, capital da Baviera, também migrou do Windows para o Linux. A iniciativa durou uma década, e o retorno ao Windows se deu, em parte, devido ao interesse do prefeito em atrair a sede da Microsoft para a cidade.

China também

Outros países, como a China, também demonstram interesse em se desligar do Windows. Recentemente, os últimos computadores do governo chinês rodando Windows foram substituídos por sistemas baseados principalmente no Kylin Linux, uma distribuição derivada do Ubuntu e otimizada para o idioma chinês.

Tanto na Europa quanto na China, a motivação principal para a migração é a busca por independência tecnológica. Mesmo que esse não seja o objetivo principal dos entusiastas do Linux, o resultado final é o mesmo: menos dependência da Microsoft.