Processador Apple M1 montado em uma pequena placa-mãe de MacBook Air
Apple/Divulgação

Em novembro, a Apple anunciou sua nova linha de dispositivos rodando processadores ARM desenvolvidos pela própria empresa. Apesar do primeiro chip Apple Silicon, o M1, ter se saído muito bem nos testes após o lançamento, superando com folga processadores da concorrente Intel, eles ainda tem uma grande desvantagem em relação ao time azul: falta de compatibilidade.

Por ser um hardware novo (e também por motivos de ser a Apple, né?), apenas o sistema MacOS é capaz de rodar nos novos MacBooks Air, Pro e Mac Mini com M1. E, apesar do Linus Torvalds já ter publicamente expressado seu desejo de usar os novos dispositivos que colocam a plataforma ARM na dianteira do mercado consumidor em termos de performance e gestão de energia, o Linux ainda não é capaz de reconhecer os componentes do novo SoC (System-on-a-Chip) da maçã.

De acordo com Torvalds, não há interesse por parte da Apple, mas isso não é o suficiente para parar o desenvolvedor Hector Martin — também conhecido como marcan —, famoso na comunidade open source pelos feitos de portar o Linux para PlayStation 4 e Nintendo Switch.

Hector iniciou uma campanha no Patreon para arrecadar fundos e poder trabalhar em tempo integral e tornar o kernel Linux compatível com os chips M1. “Meu objetivo é trazer os Linux para os Macs com Apple Silicon a ponto de não ser apenas uma demo, mas um sistema estável que as pessoas queiram usar no dia a dia”, diz Hector na página da campanha.

Ainda de acordo com Hector, ele precisa de US$ 4.000/mês para focar exclusivamente na empreitada, o que envolve fazer engenharia reversa, criar algumas soluções alternativas e escrever drivers do zero. “Rodar Linux em dispositivos é simples, mas fazer funcionar corretamente é difícil. Os drivers precisam ser escritos para todos os componentes. O driver para o conjunto da placa de vídeo é o mais complicado porque é necessário ter uma boa experiência na área. O gerenciamento de energia precisa funcionar bem também”, disse.

Todo o projeto será hospedado em um repositório do GitHub — sob licenças GPL e MIT, assim outros sistemas operacionais podem utilizar o código em soluções derivadas. Hector garante que versões futuras dos chips Apple Silicon também receberão suporte, como parte do projeto.

Se você tem interesse em patrocinar o trabalho do Hector, a campanha no Patreon tem opções que vão de US$ 3 a US$ 48/mês e vantagens como receber atualizações sobre o andamento do projeto, votar em prioridades no desenvolvimento e participar de lives para tirar dúvidas, dependendo do seu nível de patrocínio.

Até o momento que este texto foi publicado, mais de 600 apoiadores já estavam patrocinando a campanha e o primeiro objetivo já havia sido atingido.