Fotos de quatros dispositivos Surface Pro em exibição
Microsoft/Reprodução
Dispositivos Copilot+ PC lançados nesta segunda-feira (20)
 

A Microsoft anunciou nesta segunda-feira (20) seus novos PCs portáteis, parte do projeto Copilot+ PC, que trazem recursos de inteligência artificial embarcada e rodam em processadores da arquitetura ARM. Junto com a novidade, veio também o Prism, uma camada de tradução que visa aprimorar a execução de softwares originalmente desenvolvidos para a arquitetura x86 em dispositivos ARM. Essa inovação é vista como uma resposta direta ao sucesso do Rosetta, da Apple, que desempenhou um papel crucial na transição dos Macs para a arquitetura ARM.

A arquitetura ARM, conhecida por sua eficiência energética, tem sido adotada amplamente em dispositivos móveis. No entanto, a compatibilidade limitada com softwares tradicionais de desktop, desenvolvidos majoritariamente para x86, tem sido um obstáculo significativo para sua adoção em PCs. O Prism promete superar essa barreira, permitindo que softwares x86 sejam executados de maneira mais eficiente em dispositivos ARM, potencialmente melhorando a experiência do usuário e incentivando a adoção da arquitetura ARM em desktops e laptops.

Comparação com o Rosetta da Apple

O Rosetta 2, lançado pela Apple, foi fundamental para a transição suave dos Macs para processadores baseados em ARM. Ele permitiu que aplicativos desenvolvidos para a arquitetura x86, rodando em chips da Intel, continuassem a funcionar em Macs com chips M1, desenvolvidos pela própria Apple e baseados em sua experiência em processadores ARM para iPhone e iPad, sem necessidade de reescrita imediata pelos desenvolvedores. O Prism da Microsoft visa oferecer uma funcionalidade similar para o ecossistema Windows, permitindo que os usuários de PCs ARM rodem softwares x86 com desempenho aprimorado e compatibilidade aumentada.

Segundo a Microsoft, o Prism utiliza uma técnica de tradução dinâmica, convertendo instruções x86 para ARM em tempo real. Isso é essencial para garantir que os aplicativos funcionem sem interrupções ou necessidade de recompilação, facilitando a vida tanto para desenvolvedores quanto para usuários finais. A empresa destaca que a tecnologia do Prism está focada em oferecer um desempenho próximo ao nativo, minimizando a sobrecarga de tradução.

Impacto no mercado de PCs

A introdução do Prism pode representar um ponto de inflexão no mercado de PCs. Com a eficiência energética dos processadores ARM e a crescente necessidade de dispositivos móveis e versáteis, a compatibilidade com softwares x86 torna-se crucial. Analistas de mercado sugerem que, com a ajuda de soluções como o Prism e o Rosetta 2, os dispositivos ARM podem finalmente competir em pé de igualdade com os PCs baseados em x86, especialmente em setores onde a mobilidade e a duração da bateria são fatores decisivos.

Além disso, a adoção de ARM em larga escala poderia impulsionar a inovação em design de hardware, permitindo dispositivos mais finos e leves sem comprometer o desempenho. Empresas como a Qualcomm, que desenvolve processadores ARM para PCs, podem se beneficiar significativamente dessa tecnologia, ampliando seu alcance no mercado de laptops e desktops. Os dispositivos apresentados pela Microsoft utilizam o processador Snapdragon X Elite, da Qualcomm.

O envolvimento dos desenvolvedores

Apesar do potencial promissor, a adoção do Prism não está isenta de desafios. A tradução dinâmica, embora eficaz, pode não oferecer um desempenho perfeitamente equivalente ao de aplicativos nativos ARM. Além disso, a dependência de uma camada de tradução pode introduzir variabilidades no desempenho, dependendo da complexidade do software em questão.

No entanto, a Microsoft está confiante de que a evolução contínua do Prism e o feedback dos usuários ajudarão a refinar a tecnologia. A empresa está investindo em ferramentas de desenvolvimento que facilitem a criação de aplicativos nativos ARM, complementando os esforços do Prism e, eventualmente, diminuindo a necessidade de tradução para muitos softwares.

A comunidade de desenvolvedores também desempenha um papel crucial nesse cenário. Ferramentas de desenvolvimento e suporte técnico aprimorados são essenciais para incentivar a criação de aplicativos nativos ARM.

Parcerias estratégicas com desenvolvedores de software e fabricantes de hardware serão fundamentais para o sucesso a longo prazo dessa transição. Felizmente para a Microsoft, isso se tornou mais comum nos últimos anos. O Google Chrome finalmente está lançando uma versão nativa para ARM, assim como o Dropbox. A Adobe também anunciou hoje que o Illustrator e o Premiere Pro devem ganhar versões ARM ainda em meados de 2024, juntando-se aos aplicativos já nativos Photoshop, Lightroom, Firefly e Express.